Ins-Piro

Teu olhar de suspiro
Me inspira a respirar
Suspirando transpiro
Ao me inspirar
Me inspirando deliro
Só de pensar
Na tua coxa
Na tua boca
Na tua nuca.
Na tua coxa
Me tocando
Na mesa de um bar
Na tua boca me beijando
Colo e nuca..
Se suspiro, transpiro
Volto a respirar
Se é loucura
Ou delírio
Quero me entregar.


12 de abril de 1999.

Reflexões sem dor

Chocolate tanto pode afogar as mágoas, quanto engasgá-las por um bom tempo.



In 26 de março de 1999.

Resenha: Ponto Final

Uma boa surpresa ver Match Point. Foge ao estilo do WA que conhecemos, mas dá para notar muita coisa recorrente ali. A trilha foge à habitual, mas não é a primeira vez que WA utiliza clássicos. Em `A ùltima noite de Boris Grushenko`, usou Prokofiev, mas pretendia usar Stravinsky, não prosseguindo com a idéia por achar muito depressivo e pesado e não combinar com o objetivo do filme; e em Crimes e Pecados, utiliza um quarteto de Schubert para dar tensão às cenas. Em Match Point, utiliza várias árias de ópera e o leitmotive é uma das árias mais conhecidas da ópera L`Elisire D`amore, O Elixir do Amor, de Gaetano Donizetti. E, como se sabe, óperas são tragédias anunciadas. As árias refletem justamente o triângulo amoroso formado pelo (sim) ALTER-EGO de Allen, que apesar de aparecer discretamente se revelou em determinadas cenas, onde dava para notar a presença do gênio. Exemplo: os arroubos de paixão de Chris e Nola, tantas vezes citados pelos personagens neuróticos de WA, mas nunca realizados pelos mesmos, justamente por serem inseguros e problemáticos.As cenas também ganharam maior volume. Allen, que sabidamente sempre optava por cenas longas e sem muitos cortes,resolve se dar ao trabalho de editar, coisa que ele achava desnecessária quando já se sabe o que quer. O roteiro supostamente comum, ganha filosofia e realismo ao focar a `sorte` como componente da vida e a consciência que fala pela boca das assassinadas lembra o coro grego de Poderosa Afrodith e a peça DEUS, de sua autoria. Puro Woody disfarçado.

O melhor dos mundos implodiu ontem e fui eu que avisei

Claire pegou a caneca de chá que estava sobre a mesa e automaticamente aproximou-a de sua boca até sentir seu calor. Soprou para esfriá-lo, o que na verdade era um grande suspiro e nada mais.
O olhar parado na pequena etiqueta de um guardanapo que por ali estava denunciava os quilômetros de distância que separavam aquele corpo daquela alma.
Triiiiiimmm
- Claire.
- Não, obrigada.
Claire coloca novamente a caneca no microndas e se perde em sua pequena rotação.