Sunday, April 09, 2006

Resenha: Ponto Final

Uma boa surpresa ver Match Point. Foge ao estilo do WA que conhecemos, mas dá para notar muita coisa recorrente ali. A trilha foge à habitual, mas não é a primeira vez que WA utiliza clássicos. Em `A ùltima noite de Boris Grushenko`, usou Prokofiev, mas pretendia usar Stravinsky, não prosseguindo com a idéia por achar muito depressivo e pesado e não combinar com o objetivo do filme; e em Crimes e Pecados, utiliza um quarteto de Schubert para dar tensão às cenas. Em Match Point, utiliza várias árias de ópera e o leitmotive é uma das árias mais conhecidas da ópera L`Elisire D`amore, O Elixir do Amor, de Gaetano Donizetti. E, como se sabe, óperas são tragédias anunciadas. As árias refletem justamente o triângulo amoroso formado pelo (sim) ALTER-EGO de Allen, que apesar de aparecer discretamente se revelou em determinadas cenas, onde dava para notar a presença do gênio. Exemplo: os arroubos de paixão de Chris e Nola, tantas vezes citados pelos personagens neuróticos de WA, mas nunca realizados pelos mesmos, justamente por serem inseguros e problemáticos.As cenas também ganharam maior volume. Allen, que sabidamente sempre optava por cenas longas e sem muitos cortes,resolve se dar ao trabalho de editar, coisa que ele achava desnecessária quando já se sabe o que quer. O roteiro supostamente comum, ganha filosofia e realismo ao focar a `sorte` como componente da vida e a consciência que fala pela boca das assassinadas lembra o coro grego de Poderosa Afrodith e a peça DEUS, de sua autoria. Puro Woody disfarçado.

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